segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bom, dia amigo sol


Bom dia, amigo sol! A casa é tua!
As bandas da janela abre e escancara,
Deixa que entre a manhã sonora e clara,
Que anda lá fora alegre pela rua!

Entre! Vem surpreendê-la quase nua,
Doura-lhe as formas de beleza rara...
Na intimidade em que a deixei, repara
Que a sua carne é branca como a lua!

Bom dia, amigo sol! É esse o meu ninho...
Q eu não repares no seu desalinho
Nem no ar cheio de sombras, de cansaços...

Entra! Só tu possuis esse direito,
De surpreendê-la, quente dos meus braços,
No aconchego feliz do nosso leito!...

                                                           

                                                        JG de Araujo Jorge

Eu amo essas poesias.
Elas estão nas minhas lembranças.



O VERBO AMAR



Te amei: era de longe que te olhava
E de longe me olhavas vagamente...
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
Que a alma da gente faz escrava.

Te amava: como inquieto adolescente,
Tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
Adivinhando esse mistério ardente,
Do mundo, em cada beijo que te dava.

Te amo; e ao te amar assim vou conjugando
Os tempos todos desse amor, enquanto
Segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...

Te amar: é mais que em verbo é a minha lei,
E é por ti que o repito no meu canto:
Te amei, te amava, te amo e te amarei!



                                                                                 
                                                                                                  J.G DE ARAUJO JORGE


outono




O outono já chegou- aos arrufos do vento
As folhas num desmaio embalam-se pelo ar...
Vão caindo...Caindo...Uma a uma, em desalento
E uma a uma, lentamente, vão no chão pousar...

O céu perdeu o azul- vestiu-se de cinzento,
E envolveu na neblina a luz baça do luar...
Na alameda onde vou, de momento a momento,
Há um gemido de folha a cair e a expirar...

O arvoredo transpira as carícias dos ninhos,
E o vento a cirandar na curva das estradas
Eleva o folhareu no espaço em redemoinhos...

Há um córrego a levar as folhas secas em bando...
E á aragem que soluça entre as ramas curvadas,
Parece que o arvoredo em coro está chorando!...




                                                   J.G. DE ARAUJO JORGE



terça-feira, 20 de setembro de 2011

O teu riso


Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mais não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa, a lança que desfolhas, a água que de súbito brota da tua alegria,
A repentina onda de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados ás vezes por ver que a terra
Não muda, mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas as portas
Da vida.

Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso e se de súbito vires que o meu sangue manchar as pedras da rua, ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como
Uma espada fresca.

Á beira do mar, no outono, teu riso deve erguer sua cascata de espuma, e na primavera,
Amor, quero teu riso como a flor que esperava, a flor azul, a rosa da minha pátria sonora.

Ri-te da noite, do dia, da lua, ri-te das ruas tortas da ilha, ri-te deste grosseiro rapaz que te ama, mas quando abro os olhos e os fecho, quando meus passos vão, quando voltam
Meus passos, nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, porque
Então morreria.



                                                                Pablo Neruda


Tortura



“Tirar dentro do peito a emoção, a lúcida verdade, o sentimento!
E ser, depois de vir do coração, um punhado de cinza esparso ao vento!
Sonhar um verso de alto pensamento, e puro como um ritmo de oração!

E ser, depois de vir do coração, o pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos: Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar verso puro, o verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!”

                                                                         

                                                                     Florbela Espanca



Voz que se cala






Amo as pedra, os astros e o luar que beija as ervas do atalho escuro.
Amo as águas de anil e o doce olhar dos animais, divinamente puro.
Amo a hera, que entende a voz do muro e dos sapos, o brando tilintar de cristais
Que se afagam devagar, e da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam.
De corações que sentem e não falam, tudo o que é infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz do nosso grande e mísero destino!



                                                                  Florbela Espanca




Inconstância



Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi a vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava meu castelo de luz que me caiu!
Tanto clarão nas trevas refulgiu, e tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que de longe deslumbrava igual a tanto sol que me fugiu!


Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer as brumas dos atalhos por onde ando...
E este amor que assim me vai fugindo é igual a outro amor que vai surgindo,
Que há de partir também... nem eu sei quando...




                                                                   Florbela Espanca



CANÇÃO DE OUTONO



Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...



                                                                  Cecília Meireles




Aqui




Aqui eu te amo.
Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.
Fosforece a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.

Descinge-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.

Ou a cruz negra de um barco.
Só.
As vezes amanheço, e minha alma está úmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui eu te amo.

Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,
que correm pelo mar rumo a onde não chegam.

Já me creio esquecido como estas velha âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta..
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.

Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.
Mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho.

Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.






Pablo Neruda





sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Homenagem aos compositores



Eu quero falar agora sobre as letras das musicas que eu coloquei,
No meu blog, são letras lindas são poesias.
O compositor para mim é um poeta, são pessoas iluminadas que fazem musicas,
Alegre, musica triste, e musica para o amor.
Eles  são poetas, e como dizia o poeta .

O amor e a canção nostálgica e embriagadora é a musica divina,
Que embala toda a humanidade.
Amo vocês.
Breve postarei mais letras que eu gosto.

Maria santos.